terça-feira, 26 de abril de 2011

Quando será a próxima Corrida?



Quando será a próxima Corrida? 


Você venceu! 
Você chegou onde queria. 

Se lembra quando lhe disseram que a parada iria ser dura? 

Muitos nem tentaram. 
Muitos desistiram. 
Muitos desanimaram. 
Muitos falaram que não valia a pena. 
Mas você chegou onde queria. 

Foi difícil, a pista estava escorregadia. 

Quantas pedras no meio do caminho. 

Não eram todos que aplaudiam. Alguns o olhavam com olhar de descrença, diziam: - Coitado, é um sonhador. 

Bolhas nos pés, tênis apertado, o suor escorrendo pelo rosto, a ladeira íngreme, e o dramático instante da dúvida: paro ou continuo? 

Uma decisão apenas sua. 

Havia ainda um longo caminho pela frente, 
e havia mais curvas do que retas. 

Alguém o animou - Força, cara. 

Alguém o provocou - E agora, cara? 

Alguém tripudiou - Larga disso, cara. 


Lembra?,

você teve uma enorme vontade de ir embora, de pegar suas coisas e dizer - Tchau mesmo, quero que tudo se lixe, pra mim chega, já dei minha cota, não tem mais jeito - e virar as costas à luta, à incompreensão, ao sacrifício. 

Talvez tenha diminuído o tamanho do passo, porque ninguém é de pedra e o coração da gente não pode ser medido com trena e compasso. Mas você não parou porque sabia que no meio da multidão havia um recado mudo aguardando a sua decisão. 

De sua decisão dependia a esperança de gente que você nem conhecia. Então você tomou um fôlego, abriu o peito, e com os pés no chão e os olhos lá na frente, mandou ver. 

Não importava tanto a colocação. Você lutava para construir a sua parte no edifício do destino. E foi seguindo. Sem perceber, arrastou com seu exemplo muitos que pensavam em ficar no meio do caminho. 

E você venceu. Você chegou onde queria. Ou você não venceu. Você não chegou onde queria. As coisas não deram certo, você tropeçou, havia um buraco, e outro buraco, e mais um buraco no chão feito de armadilha. 

Você caiu, rolou, ah, houve gente que riu! Alguém vaiou. Você não venceu. Você não chegou onde queria. Esfolou a pele, abriu ferida, em vez de estrelas o cobriu um manto cravejado de ridículo. 

O suor de seu rosto foi em vão. Em vão seus músculos latejaram. Tudo em vão. Apanhe seu embornal de mágoa, fique de mal com o mundo, abandone a pista. Você teve a tentação. 

Mas na multidão alguém esperava seu gesto de conquista. Vamos, rapaz, esfregue a perna. Levante os ombros. Não deixe que se apague o brilho dos seus olhos. Escute o bater abafado do coração que insiste. Você está vivo, e não está vivo à toa. 

Você se levantou, se lembra?, e a vaia lhe soou como sinfonia. Recomeçou a corrida e quando, por fim, você chegou - não em primeiro, como sonhava - mas chegou, o suor de seu rosto parecia purpurina. 

Todos pensavam que você estivesse satisfeito por haver chegado. Então você recolheu os retalhos de suas forças e perguntou: 

- Quando é que vamos disputar a próxima corrida? 

E foi neste momento que você venceu e chegou onde queria.

Nenhum comentário:

Pesquisar